Levante a mão quem aí nunca teve um amor não correspondido ou sentiu aquela dor de cotovelo, aquele amargor por ter suas expectativas frustradas? Todos nós em algum momento da vida (ou em vários) sentimos essas paixões loucas, sofremos, choramos, parece que o mundo vai acabar por não ter aquela pessoa “perfeita” para nós. Mas pensando de forma mais racional, percebemos que provavelmente o que alimenta esse sentimento é a impossibilidade. Ou seja, quanto mais difícil você acha que é conquistar aquela pessoa, mais seduzida você se sente por ela. Cuidado com isso! Isso não é amor, é vontade de ganhar. Não é vontade de amar. E muitas vezes nós somos muito injustos com o outro e com nós mesmos.
Podemos fazer uma analogia dessa situação, quando passamos em frente a uma loja e vemos uma roupa bonita na vitrine. Ilusoriamente imaginamos que vestiria em nós da mesma forma que vimos no manequim, mas essa comparação é descabida já que somos pessoas com estruturas corporais muito diferentes em comparação a esses bonecos criados justamente para trazer essa ideia de perfeição. Esse tipo de amor é parecido com a ilusão que temos ao ver um manequim, ele sobrevive de imaginar. Quanto mais você imagina que vai ser lindo estar com aquela pessoa, quanto mais você idealiza o processo de conviver com ela, maior será o seu sofrimento. Como disse Lacan, um psicanalista que gosto muito: “o maior de todos os desejos é você ser desejado”, então quando você encontra alguém que corresponde ao seu desejo, naturalmente você quer que ele também te deseje. E essa é uma forma de se sentir mais vivo, mas também existe a variável dessa paixão acabar no momento que você alcançar o que deseja. Por isso, muito cuidado porque essas idealizações podem trazer transtornos inimagináveis a ambas as partes.
Quando é amor de verdade, você tem uma maior facilidade em libertar o outro. Quando você percebe que não há da outra parte interesse ou sentimento recíproco você permite que a pessoa vá embora e siga por outro caminho, pois você entende que nenhum dos dois merece receber pouco ou viver situações instáveis. Por outro lado, se é fixação você terá muita dificuldade em deixar o outro ir embora, ou então você ficará preso imaginando como teria sido ter aquela pessoa na sua vida. E, por isso, me vem a cabeça um questionamento: por que você sofre tanto por não ter um amor correspondido? E a reposta que eu encontro é: talvez porque não seja amor, seja apenas uma projeção, uma idealização que você criou daquela pessoa. Como diz o ditado: eu sei quem eu sou, os outros me imaginam. Muitas vezes nós não nos apaixonamos por aquilo que o outro é, mas por aquilo que nós imaginamos que ele seja.
Quanto menos clareza nós temos de uma situação, mais nebulosa e difícil é de lidar. Mas uma vez que você recapacita e coloca seus sentimentos em ordem, percebe que o importante é que as vontades coincidam, que tanto você quanto o outro sintam-se livres para estarem juntos e fazerem suas escolhas conscientes. Portanto, se você precisa correr atrás de alguém é porque a pessoa não quer estar ao seu lado e não há forma de obrigar alguém a te querer e esse também não é o ideal de relacionamento ou situação que precisamos nos submeter.
Estar apaixonado e ser correspondido é estar em estado de graça, de bem com a vida, sentindo-se leve, seguro e genuinamente feliz. Não aceite nada menos que isso, pois a vida é muito curta para ficar com pessoas que não têm certeza dos sentimentos ou que não podem te corresponder como você deseja. O amor vem pra quem se abre e está disposto.
Boa sorte pra nós!
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