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Eu te amo, mas…

Eu te amo, mas eu não preciso de você!

Ouvir essa frase de alguém que se ama pode soar no mínimo incomoda, mas acredito que essa é uma das maiores declarações de amor que se pode fazer e receber da pessoa amada.

Sabe por que eu não preciso de você? Porque já me sinto completa, já tenho tudo em mim – me sinto feliz e realizada – e sou capaz de ficar bem mesmo que o mundo desabe lá fora. Há muito tempo entendi que a responsabilidade pela minha felicidade é e sempre será unicamente minha. Mais do que isso, tive a percepção e a maturidade para compreender que não é possível controlar uma pessoa ou uma situação ainda que tenhamos essa ilusão. A única coisa que podemos fazer é racionalizar a maneira a qual reagimos em determinadas situações.

Então, se eu permitir que você entre na minha vida é porque te enxergo como uma pessoa que é digna da minha confiança e entrega. Como alguém que veio para somar e transbordar, mas nunca me completar. Não sou metade da laranja ou de nenhuma outra fruta. Não estou partida nem incompleta. Não tenho alma gêmea, o que tenho é uma pessoa mais compatível com a minha forma de ser e que não está ao meu lado por nenhum outro motivo que não seja por uma escolha genuína e verdadeira.

O amor é algo “engraçado”: eu preciso não precisar de você. Só dessa forma eu consigo perceber a dimensão do meu amor e o quanto eu quero estar com VOCÊ. Eu me sinto livre para te amar, e me sinto dessa maneira porque tenho a consciência de que posso ser feliz sozinha. Eu te amo porque você não preenche minhas carências. Eu te amo porque não tenho medo de ser trocada por outra mulher. Eu te amo porque eu não saberia o quanto te amo se meu amor fosse medo da solidão, medo de envelhecer sozinha, pânico de não ter filhos, ou não ter alguém por perto para dividir as contas.

Acredito que para amar verdadeiramente é necessário ser livre. Somente uma pessoa livre é capaz de se superar, de se entregar completamente, de ser em essência na presença do outro, de quebrar regras e sempre se reinventar. Só consegue viver plenamente um amor quem, de fato, desiste de tudo: de dominar o outro, de idealizar um romance ou a personalidade, de esperar que as coisas sejam a sua maneira, de fazer planos rígidos sem alternativas, de vislumbrar que a vida inteira será uma eterna lua de mel, de esperar um final hollywoodiano com um belo “final feliz”. Quando nos tornamos independentes de desejos, de expectativas, de julgamentos e de qualquer outra coisa que possamos alimentar em relação ao outro, é como se o amor se revelasse na sua forma mais intensa e arrebatadora.

Se eu puder dar um conselho, saiba que: apenas quem não condiciona sua felicidade em demonstrações públicas de afeto, em um jantar programado no dia dos namorados, por exemplo, é capaz de perceber a sutileza de um olhar, as entrelinhas antes de um beijo e um eu te amo depois de uma crise de riso por qualquer bobagem. O amor odeia clichês! É muito fácil amar alguém bonito e que proporciona sensações extravagantes e fugazes. Mas é muito melhor escolher te amar pura e simplesmente porque não te amar não teria o menor cabimento.

Eu te amo porque te amo sem ponto e vírgula, sem espaço, sem “mas”. É bem simples.

❤ ❤ ❤

Eu te amo, mas…